Não há como fugir: alguma hora, a grama do vizinho é – e sempre será - mais verde.
Não adianta termos o que precisamos.
Estamos sempre em busca de mais.
Não importa se não nos cabe, não interessa se aquilo não nos trouxer a menor alegria no final.
A verdade é que sem auto-conhecimento e sem simplicidade, a vida pode parecer pequena demais diante de tanto sonho.
E o sentimento que fica?
Uma insatisfação ali, uma inveja que volta-e-meia a gente tenta esconder.
E a gente jura de pé junto que não sente nada de ruim no peito.
Afinal, crescemos com a idéia de que tudo isso é feio.
Muito feio.
É, eu concordo que inveja é um sentimento vagabundo.
Mas, se prestarmos atenção, é possível transformar o tal pecado em algo bem mais proveitoso.
Quer ver só?
Sentiu um incômodo ao saber que sua amiga foi promovida e ganhou um aumento inacreditável?
Bom, pra começar, sorria.
De coração.
Recicle o sentimento dentro de você.
Comemore com ela, pegue-a como exemplo e transforme aquelas invejazinha em pura fonte de inspiração.
Mas, entenda uma coisa: a ordem não é copiar ninguém. (Afinal, onde está sua personalidade?).
Encontre seu estilo, seu jeito de lidar com a vida, suas próprias limitações.
Descubra-se.
Se aceite.
E mãos à obra!
Eu, por exemplo, invejo deliciosamente a escritora Adélia Prado.
Cada frase dela é, para mim, um abalo no meu possível orgulho, um aviso que eu ainda não estou preparada, um ensinamento contínuo de que – sim! - podemos ser melhores a cada linha.
Pois bem.
Era isso o que eu queria dizer em tempos de muitos pecados e ligeiras confissões.
Sentimentos pouco nobres habitam todos nós e não há como fugir disso.
O importante é o que iremos fazer com eles.
E o que eles poderão fazer com a gente...
(Se deixarmos).
Fernanda Mello
Bom Dia
LOW
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