quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O ciúme mora na minha casa

Quem nunca sentiu ciúme, que atire a primeira pedra! Ciúme da mãe, do pai, do filho, do irmão, do marido, da esposa, dos agregados à família, dos colegas, do cachorro! O ciúme, sentimento experimentado com maior ou menor intensidade por todos os humanos nas várias etapas da vida, vem à tona quando um intruso aparece para bagunçar a harmonia de uma relação, causando, em uma das partes, a sensação de ser relegado ao segundo plano. Aos olhos do enciumado, o intrometido absorve atenção, tempo e dedicação do seu objeto de amor. Na tentativa de recuperar o que foi perdido, o cioso utiliza-se dos mais variados artifícios para reter a exclusividade almejada, criando cenas em que se evidenciam tristeza, ansiedade, raiva, comportamentos hostis e agressivos (com aquele que ama e com o “invasor”) e até mesmo regressão (apresentar comportamentos de idade que já ultrapassou). Comportamentos que revelam a dificuldade em lidar com a situação de conflito e sofrimento provocados pelo ciúme. Quando o ciúme envolve irmãos, aparece de tudo um pouco: gritos, berros, choros, bofetadas, mordidas, empurrões, puxadas de cabelo e as clássicas frases: “não gostei!” e “é meu!” (entre 2 e 5 anos), que evoluem para “te odeio!” e “quero que você morra!” (entre os 5 e 7 anos) e, mais tarde, para todos os palavrões que a vida vai ensinando. O que parece uma tremenda falta de modos é uma tentativa de recuperar a atenção que não lhe foi dada ou que foi perdida. Pais deixam de dar atenção aos filhos quando se entretêm em alguma outra tarefa: atender ao telefone, receber uma visita, cuidar de outro filho. Nenhuma delas é mais dolorida do que a última, não apenas porque se deixa de ser o centro da atenção, mas porque ela é disputada por um adversário de mesmo peso. Há uma igualdade com desigualdade; amor com ódio (ou ódio com amor), sentimentos intensos e contraditórios que são a principal marca das relações fraternas.

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